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Os "feriados xintoístas" do Japão


Você sabia que, dos 16 feriados nacionais do Japão, seis têm influência xintoísta?

E, como no xintoísmo a natureza é a própria manifestação da divindade, esses feriados não poderiam deixar de celebrar as estações e a natureza em suas muitas formas.


Dois deles são associados aos equinócios da primavera e do outono. Essas datas marcam a mudança das estações e celebram a passagem do tempo e a chegada clima mais agradável, assim como o desabrochar das flores – na primavera - e as colheitas – no outono.


Três dos feriados nacionais japoneses fazem uma homenagem direta a elementos da natureza: são eles o Dia do verde, celebrado em 29 de abril, o Dia do mar, comemorado no dia 16 de julho, e o Dia da montanha, este último, oficialmente criado em 2016.

O Dia da montanha, aliás, é comemorado hoje, 11 de agosto. Mas como no Japão também é domingo, excepcionalmente neste ano eles vão celebrar na segunda-feira, para que as pessoas descansem.

A escolha do dia 11 do 8 para o dia da montanha tem relação com a iconografia dos números – o número arábico 1 tem um formato que lembra o das árvores, e o número 8, em ideogramas chineses e japoneses, se assemelha ao da montanha – com dois traços diagonais ascendentes que quase se encontram no topo, e com a base mais larga (八).

No universo da mitologia, as montanhas representam pontos de contato entre o céu e a terra. Elas eram o chamado “axis mundi”, o eixo do mundo, e podiam ser a morada dos deuses, como, por exemplo, o Monte Olimpo.

Já na China, a cada ano os imperadores faziam grandes celebrações taoístas em cinco montanhas sagradas, cada uma associada a um ponto cardeal e ao centro do mundo.


Por fim, o último dos feriados nacionais de inspiração xintoísta é o Dia da gratidão pelo trabalho, celebrado no dia 23 de novembro. Nesse caso, a relação entre o tema do feriado e a religião não é tão evidente, mas ela existe. Na verdade, este feriado tem origem na comemoração das colheitas do arroz, cujos festivais, que duravam dias, eram sempre celebrados em novembro.


Em termos arcaicos, vale lembrar que toda celebração da colheita, em qualquer parte do mundo, cumpre uma função de pacificação. Ela serve para comemorar a abundância, compartilhar a riqueza e firmar novas alianças políticas e casamentos - com as barrigas cheias e os celeiros também, as pessoas preferiam dançar e namorar a guerrear. E esse é um bom motivo para uma comemoração!



Artigo escrito por Lina Saheki no dia 11 de agosto de 2019. Lina Saheki é professora de Japonês, diretora do Centro Ásia e uma apaixonada pelas culturas do mundo


Crédito das fotos nas imagens - Fonte: Fotolia.com

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