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seg., 06 de nov.

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4 encontros + ebook

JAPÃO SOB A LENTE DO OCIDENTE: As Yokohama shashin e a visualização do Japão a partir de 3 olhares estrangeiros

Nas últimas décadas do século XIX, o que denominamos comumente de “Ocidente” interpretou o Japão através de um caleidoscópio. Produto desses olhares sobre o “outro” asiático podem ser notados em imagens (iconografia e fotografia) e nos discursos positivos e outros nem tanto, acerca do Japão.

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JAPÃO SOB A LENTE  DO OCIDENTE:  As Yokohama shashin e a visualização do Japão a partir de 3 olhares estrangeiros
JAPÃO SOB A LENTE  DO OCIDENTE:  As Yokohama shashin e a visualização do Japão a partir de 3 olhares estrangeiros

Horário e local

06 de nov. de 2023, 19:00 – 27 de nov. de 2023, 19:00

4 encontros + ebook

Guests

Sobre o evento

Nas últimas décadas do século XIX, o que denominamos comumente de “Ocidente” interpretou o Japão através de um caleidoscópio no qual se fundiam o encanto da recriação literária, a admiração estética do Japonismo e olhares cheios de surpresa, admiração e temor acerca do vertiginoso processo de modernização japonês. Produto material desses olhares sobre o “outro” asiático podem ser notados em imagens (iconografia e fotografia) e nos discursos positivos e outros nem tanto, acerca do Japão e dos seus “pequenos habitantes”. 

Neste contexto histórico de rápidas transformações (1860-1890), a literatura de viagem e a fotografia irão se justapor, e às vezes se fundir, alimentando o ávido imaginário europeu pelo diferente, misterioso e “exótico” Japão.

Foi a partir dos retratos de Yokohama (jap.Yokohama shashin), fotografias e séries fotográficas temáticas encadernadas em belos álbuns, produzidos pelos pioneiros estúdios estrangeiros na crescente cidade portuária homônima e da literatura de viagem, produzida por escritores viajantes a partir de 1860, que as bases do que denomino “desejo do olhar” sobre o Japão, seus habitantes e costumes se conformaram. A aproximação dessas diferentes formas de narrativa contribuiu para consolidação de um imaginário sobre o país perante a Europa e América do Norte, ao mesmo tempo em que uma nova intelligentsia japonesa se apropriava deste discurso literário-imagético para ora reforçar a própria imagem divulgada a partir dos olhares não-japoneses, ora negá-la, influenciando a produção literária e imagética autóctone para consolidar um ideal de nação moderna não só perante o olhar estrangeiro, mas doméstico também. 

Neste curto e transitório espaço de tempo três fotógrafos estrangeiros se tornaram referências na maneira de retratar o “outro” japonês: Felice Beato (1832-1909), Raimund Von Stillfried (1841-1898) e Adolfo Farsari (1841-1898). As aulas terão como objetivo principal introduzir esses fotógrafos pioneiros a partir da leitura e seleção das obras acadêmicas mais recentes publicadas sobre a temática durante o minicurso.

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Conteúdo programático por aula

Aula 1 

Em nosso primeiro encontro será apresentado um panorama histórico-cultural das turbulentas décadas de 1850-1890 no Japão. A partir dos conceitos de modernidade e transculturalidade faremos uma breve introdução da história da fotografia no Japão a partir das cidades portuárias de Nagasaki e Yokohama, zonas de contato (PRATT, 1992) entre o olhar ocidental (europeu e estadunidense) e japonês após um longo período de isolamento. A partir da definição histórica do conceito de Yokohama shashin (port. “Fotografias produzidas em Yokohama”) vamos refletir sobre as seguintes questões:  Que tipos de narrativas imagéticas serão produzidas a priori? Como e para quem essas imagens (Yokohama sashin) são produzidas e comercializadas? Qual a importância histórica das mesmas para a formação de olhares sobre a jovem nação japonesa? Como se deu a relação entre as formas tradicionais (ukiyo-e) e modernas (fotografia) de representação?

Leitura de referência: ZOHAR, Ayelet and MILLER, Alison J.. “Introduction: In-Between Temporality and Spatiality: Visual Convergences and Meiji Hybridity”. In: Zohar, Ayelet and Miller, Alison J. (Edited by). The Visual Culture of Meiji Japan. Negotiating the Transition to Modernity. New York and London; Routledge, 2022. p. 1-13.

Aula 2

 Nesta aula falaremos sobre o ítalo-britânico Felice Beato, figura pioneira pela sua importância empreendedora e modernizadora no campo da fotografia japonesa. Discutiremos sobre a relevância estética e histórica dos belos álbuns fotográficos criados pelo estúdio de Beato, voltados para o nascente mercado turístico no Japão. Por que este fotógrafo pode ser considerado o “pai da fotografia” japonesa? Qual seria a “estética de Beato” na construção de suas imagens?  Como a fotografia contribui para a popularização do turismo em locais como Kamakura, Nikko e Quioto? Qual importância e influência dos estúdios fotográficos pioneiros em Yokohama?

Leitura de referência: DOBSON, Sebastian. “Yokohama Shashin”. In: Dobson, Sebastian; Morse, Anne N. & Sharf , Frederic A.. Art & Artifice. Japanese Photographs of the Meiji Era. Boston: Museum of Fine Arts Publications, 2004. p. 15-40.

Aula 3

Neste terceiro encontro falaremos sobre outros dois importantes fotógrafos estrangeiros nas décadas de 1870-1890 no Japão: o austríaco Raimund von Stillfried e o italiano Adolfo Farsari. Contemporâneos de Beato e até certo ponto “continuadores” do seu trabalho, esses fotógrafos graças a um espírito empreendedor e competidor ímpares e o rápido avanço da tecnologia fotográfica deram uma nova dimensão ao termo “Yokohama shashin”. Até que ponto os fotógrafos estrangeiros influenciaram os fotógrafos nativos e vice-versa? Haveria um caráter antropológico nas imagens produzidas por von Stillfried?

Leitura de referência: GARTLAN, Luke. .“Changing Views: The Early Topographical Potographs of Stillfried & Company”. In: In: Rousmaniere, Nicole C.& Hirayama, Mikiko (edited by). Reflecting Truth. Japanese Photography in the Nineteenth Century. Netherlands: Hotei Publishing, 2004.p. 40-65.

Aula 4 

Momento de compararmos e refletirmos sobre a representatividade destes três fotógrafos pioneiros e o seu legado. Como os olhares destes três fotógrafos se aproximam e se afastam? Essas imagens reforçam um ideal exotista (Segalen, 2002)? Qual(is) Japão(ões) se configura(m) a partir do trabalho pioneiro destes três fotógrafos? Por que a historiografia da fotografia japonesa só recentemente (2000s) passou a se interessar efetivamente pelos inestimáveis trabalhos de Beato, von Stillfried e Farsari?

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QUEM? Rogério Akiti Dezem é Bacharel (1998), Licenciado (1999) e Mestre (2003) em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Fez parte do Projeto Integrado Arquivo do Estado/Universidade de São Paulo (PROIN/USP) entre 1997 e 2003, assim como do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER/USP) entre 2004 e 2007. Publicou dois livros, bem como vários artigos acadêmicos, relacionados à história da imigração japonesa no Brasil. Leciona no Departamento de Português da Universidade de Osaka (Japão) desde 2010.

QUANDO? Serão 4 segundas, 06, 13, 20 e 27 de novembro. Os encontros estão previstos para serem divididos entre 1h30 de exposição e 30 minutos de debates.

COMO? Será totalmente online e as aulas ficam gravadas e disponíveis depois por 2 semanas. 

CERTIFICADO E APOSTILA EM EBOOK INCLUSO

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